Espaço democrático

Homenagem do Bloco Rosas da Boa Vista

Homenagem do Bloco Rosas da Boa Vista
Ao grande Gregório Bezerra

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Gregório Lourenço Bezerra (Panelas, 13 de março de 1900 — São Paulo, 23 de outubro de 1983) foi um político brasileiro.

Gregório Lourenço Bezerra nasceu na região Agreste do estado de Pernambucano. Com a idade de quatro anos começou a trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar para ajudar a família; e com oito perdeu os pais. O pai, aos sete anos de idade e a mãe aos 9 anos de idade, e migrou para o Recife. Tinha vindo para ficar com a família dos fazendeiros com a promessa de estudar, esta promessa que não foi cumprida.

Como a maioria dos migrantes pobres era sem-terra, sem-teto (segundo o próprio Gregório Bezerra, dormiu por muito tempo entre as catatumbas do cemitério de Santo Amaro, no Recife). Gregório era analfabeto até 25 anos de idade. Foi carregador de bagagens na estação central, jornaleiro e ajudante de obras. Foi como jornaleiro que começou a se interessar pela política, com base na leitura que seus colegas de profissão faziam para ele dos jornais locais. Em 1917 trabalhou como operário da construção civil.

A primeira das suas muitas prisões ocorreu em 1917, quando participava de uma manifestação de apoio à Revolução Bolchevique e das primeiras ondas de greve geral por direitos trabalhistas no Brasil. Preso por cinco anos na Antiga Casa de Detenção do Recife, conheceu o cangaceiro Antônio Silvino.

Após sair da prisão decidiu ingressar na carreira militar. Em 1922 alistou-se no exército; Alfabetizou-se aos 25 anos e em 1929 entrou para a Escola de Sargentos;

Foi instrutor da Companhia de Metralhadoras Pesadas na Vila Militar e instrutor de Esportes, no Rio de Janeiro. De volta ao Recife, filiou-se, em 1930, ao Partido Comunista Brasileiro(PCB).

Em 1935, no Recife, liderou o levante militar promovido pela Aliança Nacional Libertadora (ALN), movimento também conhecido como "Intentona Comunista". Condenado a 28 anos de prisão, foi levado, primeiro para Fernando de Noronha e, depois para o Rio de Janeiro, no Presídio Frei Caneca, onde dividiu cela com o ex-comandante da Coluna Prestes e secretário geral do Partido Comunista do Brasil, Luís Carlos Prestes.

Com o fim do Estado Novo, foi anistiado e elegeu-se constituinte (depois deputado federal), em 1946, por Pernambuco, na legenda do PCB, sendo o deputado constituinte mais votado do estado. Teve seu mandato cassado em 1948, juntamente com todos os parlamentares comunistas. Viveu na clandestinidade por nove anos, organizando núcleos sindicais no Paraná e em Goiás.

Foi preso imediatamente após o golpe militar brasileiro de 1964, nas terras da Usina Pedrosa, próximo a Cortês-PE, pelo capitão Álvaro do Rêgo Barros, quando tentava organizar a resistência armada dos camponeses ao golpe em apoio ao governo federal de João Goulart, e estadual de Miguel Arraes de Alencar.

Após a prisão foi transferido para o Recife, onde foi torturado e arrastado pela praça do bairro de Casa Forte pelo tenente-coronel do Exército Brasileiro Darcy Viana Vilock, com uma corda no pescoço, e teve os seus pés imersos em solução de bateria de carro, ficando em carne viva, e este espetáculo foi exibido pelas televisões locais à época do golpe militar de 1964.

Condenado a 19 anos de reclusão, teve seus direitos políticos cassados por força do Ato Institucional nº 1. Foi libertado, em 1969, juntamente com outros 14 presos políticos, em troca da devolução do embaixador estadunidense no Brasil Charles Burke Elbrick, seqüestrado por um grupo de oposição armada.

Viveu no México e na então União Soviética. Com a promulgação da anistia, voltou ao Brasil dez anos depois, e logo entrou em divergência com o seu partido (o PCB), desligando-se de seu quadro.

Gregório apoiou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e, nessa legenda, candidatou-se, em 1982, à Câmara dos Deputados, ficando como suplente.

Gregório Bezerra passou 22 anos de sua vida preso por motivos exclusivamente políticos, comparando-se a Nelson Mandela, que passou 27 anos.

Antes de morrer, Gregório declarou: Gostaria de ser lembrado como o homem que foi amigo das crianças, dos pobres e excluídos; amado e respeitado pelo povo, pelas massas exploradas e sofridas; odiado e temido pelos capitalistas, sendo considerado o inimigo número um das ditaduras fascistas.

Em homenagem a Gregório Bezerra, o poeta Ferreira Gullar escreveu a poesia Feito de ferro e flor:

"Mas existe nesta terra muito homem de valor que é bravo sem matar gente, mas não teme o matador, que gosta da sua gente e que luta a seu favor, como Gregório Bezerra, feito de ferro e de flor".

Também foi homenageado pelo poeta Lourival Batista, poeta popular da cidade de São José do Egito-PE

"Tantos anos de prisão Cercearam a liberdade Deste Leão do Leão do Norte, a fraternidade Mostra os direitos humanos Com oitenta e tantos anos Esta claro como a verdade".

Atualmente existem no Brasil diversas obras públicas em homenagem a Grégorio: A Ponte Gregório Bezerra na Cidade do Recife; A Avenida Grégório Bezerra no Bairro Jardim Primavera em São Paulo e Ruas Gregório Bezerra em Recife, São Paulo, em Cajazeiras-PB, no no Gama-DF, em Diadema-SP e Moreno-PE.